Revelação sobre o monte Selene – Esforços

Essa é a terceira parte de um conto, caso não tenha visto as outras postagens é melhor ir para a primeira parte ( https://pedroaugustof.wordpress.com/2016/04/29/revelacao-sobre-o-monte-selene-o-chamado/ ), mas se você já está acompanhando os acontecimentos, é só seguir a leitura.

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O caminho era árduo, a areia fofa tornava os passos mais pesados requerendo mais forças para que se pudesse continuar, o sol a pino não ajudava, a pouca água trazida mal dava pra si, maldisse suas poucas posses, se possuidor de algo mais que sua força talvez possuísse também uma garrafa guardasse mais água que aquele cantil velho.

Nada naquela terra brotava, o racionamento do alimento pelos dias que se seguiriam delegava uma mordida de pão já duro por dia e deveria ser suficiente para seguir seu caminho.

Quando a última gota do cantil pingou sobre os beiços de Josué, sendo recolhida pela língua ressequida para dentro de uma boca tão ou mais seca que todo o ambiente ao seu redor, sentiu ali que apenas seu ânimo não o levaria a nenhum outro lugar, o estômago pedia alimento em desespero, porém sabia que se comesse agora faltaria para o restante da caminhada. Ali, no silêncio do nada, travou-se um embate em segredo, a vontade e a racionalidade se opuseram, como sempre fazem. Vencida a mente, foi-se um pão inteiro.

Apesar do trabalho duro, antes de se lançar nessa caminhada, ao menos tinha o que comer e um teto sobre sua cabeça, de vez em quando vestes menos surradas que o aqueciam nas noites frias. Não poderia aguentar tanto sofrimento, retornaria de joelhos, pedindo perdão pelo que fizera, e seu senhor o receberia de volta, afinal sua ajuda lá era necessária.

Mas não, no topo do monte Selene veria do que realmente é feito seu corpo e o quanto pode alcançar, foi Ele quem lhe prometeu e, certamente, este caminho compõe um teste onde Josué deve provar seu valor. Nenhuma grande mudança surge sem exigir sua quota de suor, sangue e dor, seguir em frente é preciso, pois nada que realmente vale a pena deverá vir entregue em uma bandeja sem que seja testado o merecimento.

Já quase no fim do primeiro dia, Josué avistou ao longe um oásis, com o que lhe restava de forças correu tão rápido quanto pôde, na água saciou sua sede e do jumento que o acompanhava, ali repousou em paz. O amanhecer o fez seguir caminho, desta vez mais crente de que uma força maior olhava por ele e não o deixaria combalido.

 

links:
Parte 4 – Vila 
Parte 5 – Ascensão

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